domingo, 6 de março de 2011

AS DEFICIÊNCIAS NA SALA DE AULA.

Sabemos que, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96, grande parte de deficientes tem chegado às escolas. Sabemos também que os professores não sabem como lidar com eles, porque recebem pouca ou  nenhuma orientação a esse respeito Esta é a razão principal de trazer este assunto. à tona.
O primeiro passo é conhecer um pouco da história da deficiência. Primeiro para sensibilizar e, segundo, estimular uma mudança no olhar sobre as deficiências, em especial, sobre a deficiência intelectual.
Como o assunto é amplo e extenso, o faremos em capítulos. Sabendo da urgência dos professores, prometo postagens mais rápidas sobre o assunto.

CAPÍTULO I – HISTÓRICO
Na era primitiva, os povos por serem nômades e por estarem sujeitos a uma grande possibilidade de acidentes naturais viam a normalidade do corpo como uma questão de sobrevivência Portanto, era natural que os mais fortes sobrevivessem e que abandonassem todos aqueles que pudessem atrapalhar sua caminhada como os idosos, os acidentados e os deficientes. Faziam assim uma espécie de “seleção natural”.
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 Na antiguidade, os espartanos cultuavam o corpo como um ideal de perfeição. Conta a história que os bebês ao nascerem deviam ser apresentados por seus pais, a funcionários do Estado para uma avaliação física. Caso fossem considerados inaptos (por serem muito miúdos, adoentados ou tivessem uma deficiência qualquer), eram atirados do monte Taigeto. A alegação era a de que essas pessoas feriam o ideal de beleza espartana. Ao contrario, os atenienses cuidavam deles com todo o respeito que mereciam.
Conta ainda a história, que os patriarcas romanos autorizavam a morte dos bebês deficientes e, caso os pais se rebelassem contra essa autorização, eram punidos severamente. Em Roma, os bebês deficientes eram afogados num rio que cortava a cidade onde, mais tarde, foi construída uma catedral.  Sêneca dizia, que não era por ódio que matavam esses bebês. Mas, a morte deles servia  para separar o" inútil do saudável", exatamente como faziam com os cães raivosos, os touros muito bravos e as ovelhas doentes. Faziam isso para que o restante da população não fosse contaminado..
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Os hebreus viam os deficientes como pessoas que haviam cometido graves pecados contra Deus. Justificavam com as Escrituras. Alegavam que estava escrito no Antigo e Novo Testamento que cegos, paralíticos e leprosos traziam no corpo a marca do pecado cometido e sofriam as penalidades divinas por terem pecado. Por isso, todos os acessos aos templos e aos serviços religiosos eram negados a eles.
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No início da Idade Média, os deficientes eram vistos como demônios ou possuídos por ele. Por isso, eram perseguidos e mortos. Os povos bárbaros do norte europeu (Visigodos, Ostrogodos e Celtas) viam nos deficientes presságios de mau agouro. Por serem nômades, os deixavam para trás em suas andanças.

Na metade do período medieval, a Igreja ganha corpo e força de dominante. Os deficientes. ainda eram vistos como impuros e sofriam castigos como flagelações e torturas. Com esses castigos tentavam purificar os pecadores. Na época da caça às bruxas, passaram a ser considerados como tal e a punição era a morte na fogueira.

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No final da idade média, o ensinamento de Cristo sobre o amor ao próximo, traz algumas mudanças. Matar os deficientes passa a ser um pecado grave. Apesar de tudo, um deficiente na família era sinal de vergonha, e por isso mesmo, “não merecedor do amor familiar”. Então, deficientes e filhos bastardos eram colocados na “roda dos enjeitados”. Estes eram acolhidos pela Igreja e pelas ordens religiosas. Mas, não eram tratados com piedade. Eram colocados em sótãos e nas torres das igrejas e lá ficavam por vários anos. Um exemplo clássico é o Corcunda de Notre Dame, apresentado em livro, filme e desenho animado.


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Durante a Segunda Guerra Mundial, Hittler defende a “raça ariana” como ideal de perfeição. Aprova o uso de anões e deficientes em experiências científicas e de esterilização para que não contaminassem a raça com sua prole. É ainda para defender esse ideal que tem início o holocausto judeu.


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Depois da Segunda Guerra, um novo olhar surge sobre os deficientes. Aparecem as escolas especializadas. Na realidade, embora cuidassem e apresentassem um programa educativo, ainda ficam à margem da sociedade, isolados do resto do mundo. Na verdade, eram verdadeiros depósitos de deficientes. Depois, melhorou um pouco.


Mas, foi em junho de 1994, na cidade de Salamanca (Espanha), que o mundo decidiu que estava na hora de se fazer alguma coisa por essas pessoas. No mesmo ano, a Unesco publica o conjunto de medidas que regulamenta a “EDUCAÇÃO PARA TODOS”.
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Fontes de pesquisa
Apontamentos e apostilas do curso de educadora de deficientes intelectuais fornecidos pela APAE de São Paulo.
Informações encontradas no site www.website.com/articles/22485/1/FATOS-HISTÓRICOS-SOBRE-OS-PORTADORES-DE-NECESSIDADES-ESPECIAIS-E-TAMBÉM-O-CONTEXTO-HISTÓRICO-AO-LONGO-DOS-TEMPOS/página1.html , com acesso em 6/3/2011.
Imagens do arquivo Google, mas que fazem parte de blogs e sites, a quem eu agradeço pelo empréstimo.

sexta-feira, 4 de março de 2011

O QUE É PSICOPEDAGOGIA?

A Psicopedagógia é um conjunto de conhecimentos que atua na intersecção entre a Pedagogia e a Psicologia.
Isto significa que a Psicopedagogia ainda não é uma ciência. No entanto, luta para ser. Mas, enquanto isso não acontece, vale-se das teorias da Pedagogia e da Psicologia para realizar seu trabalho.

A Psicopedagogia foi criada na França, hà uns 40 anos atrás, na tentativa de eliminar o fracasso escolar existente no país. Como os resultados obtidos foram animadores, a ideia espalhou-se pelo mundo afora. A Argentina foi um dos países que aderiu a ideia, desenvolvendo pesquisas nessa área e criando o seu próprio jeito de atuar nesse campo. Nomes ilustres da Psicopedagogia Argentina são: Sara Pain, Alícia Fernàndez,  Emilia Ferrero e Jorge Visca. O Brasil também aderiu a ideia pouco tempo depois, e segue o modelo argentino.

O pensamento psicopedagógico é de que todas as pessoas conseguem aprender. Mesmo com limitações, todos são capazes de realizar aprendizagens desde que sejam respeitados os limites, o jeito próprio de ser de cada pessoa e que sejam criadas oportunidades para isso.


Quando a Psicopedagogia fala em aprender, não se refere apenas ás aprendizagens escolares, mas também, as aprendizagens do cotidiano da vida. Mas, é com as aprendizagens escolares que a Psicopedagogia tem tido maior campo para desenvolver seu trabalho.

A escola tem criado muitos problemas para os estudantes com seu olhar de coletividade, o acúmulo de conhecimentos a ser transmitido, as provas de memorização, as obrigações da carreira, a falta de tempo, o acúmulo de trabalho etc têm feito com que ela e os professores fechem os olhos para os problemas individuais dos estudantes. 

Com isto, entendem que as aprendizagens são, única e exclusivamente, da competência e responsabilidade dos estudantes.  E segundo esse pensamento, todo aquele que não aprende eficientemente e não responde adequadamente às demandas estabelecidas é rotulado de "preguiçoso, relaxado, displicente, indisciplinado" e outros tantos por aí afora. Mas, esta não é toda a verdade. Para que os alunos aprendam com eficácia, dependem da proposta pedagógica da escola, do método utilizado e, principalmente, da relação professor/aluno. 

A psicopedagogia entende que essas atitudes dos alunos, assim como a recusa em realizar as tarefas escolares, os erros ortográficos, a rebeldia, são sinais de algo não vai bem com esses estudantes.

Para a Psicopedagogia esses sinais são importantes porque eles tem uma causa que está atrapalhando ou impedindo o estudante de aprender adequadamente. Essas causa podem ser: físicas ( o estudante pode não estar bem de saúde ou ter uma deficiência), familiares (problemas financeiros ou de relacionamento entre ele e os pais ou irmãos), sociais (de relacionamento com colegas, abusos sexuais, bullyng, violencia, drogas etc), cognitivos (ter uma deficiencia visual, auditiva ou intelectual) e educacional (com a escola, professor ou a forma como foi educado na família como a superproteção ou o autoritarismo). Essas causas quando muito dramáticas podem levar os estudantes a optarem por não aprender.

Aprender e não aprender possuem a mesma força e gastam a mesma energia. E a linha que separa uma da outra é tênue e frágil. Se deixar como está dura para sempre. A psicopedagogia acredita que lançando um olhar sobre os sinais e investigando as causas o aluno pode voltar a se interessar pelos estudos e pela vida.

terça-feira, 1 de março de 2011

INFLUÊNCIA EXTERNA NO DESENHO DAS CRIANÇAS

Dos 5 aos 9 ou 10 anos, as crianças sentem prazer em desenhar . Nada é difícil ou impossível nessa tarefa.Também sentem prazer em colorir seus desenhos. Como diz Philipe Greig (2001), essa é a “época de ouro” do desenho infantil.

Com traços ainda imprecisos, os desenhos infantis possuem uma beleza sui generis. Revelam a maneira como percebem a realidade à sua volta, mostra como ensaiam vários pontos de vista,  posições,  noções de perspectivas e amadurecem na percepção dos detalhes.


Na medida em que as crianças crescem, os desenhos infantis ganham um aspecto mais realista. Aparecem os movimentos e já apresentam um contexto histórico: a figura humana estã num determinado lugar e fazendo alguma coisa. Aprimoram o traço. Em breve, construirá um cenário completo, local onde se desenrolará uma história com começo, meio e fim. E como são criativos!


No entanto, muitas das atitudes dos adultos influem negativamente nos desenhos infantis. Os pais, “cheios de boa intenção”, acreditando que estão ajudando os filhos a melhorarem o traço (adquirir coordenação motora), aproveitam a fase de interesse gráfico e oferecem para as crianças, uma porção de "revistinhas de colorir". Na escola, mais desenhos prontos, desta vez, selecionados e xerocados. 

Diante desta avalanche de "desenhos prontos" só resta à criança, a tarefa de colorir. Tarefa da qual, logo se cansa. O divertido no colorir é continuar dando asas à imaginação. E com os "desenhos prontos", a criança não faz. Por isso, apenas colorir a desinteressa tão rápido. Sem pensar, sem puxar da memória a lembrança da forma dos objetos que quer registrar, sem estudar onde esses objetos ficarão em maior evidência no espaço disponível, sem dar asas a imaginação e sem encontrar uma história, um contexto ou uma situação, a criatividade definha. Vejam um exemplo disto:


 Neste desenho, a criança começava a sentir os efeitos dos "desenhos prontos".  Como atividade inata dos seres humanos, o desenho ainda resiste por um tempo. Mas, apesar da figura principal mostrar-se intacta, as figuras de fundo já se mostram reduzidas a elementos mínimos. A resistência do desenho está justamente nos movimentos  e leveza apresentados pelas figuras de fundo, como uma espécie de disfarce.da confusão que a criança vive no momento. 


Os "desenhos prontos" significam, para a criança, o "ideal de perfeição" que ela "tem" que conquistar. Já não basta desenhar. "Precisa" desenhar bem. 


E o ato de desenhar como criação, como expressão, como atividade lúdica, relaxante e estimulante, se transforma numa obrigação, num dever. Quando isto acontece, a criança perde a criatividade de vez. Novamente, é a figura humana quem mostra a confusão que se instala na criança:



Nestes exemplos, as figuras humanas estão reduzidas  aos elementos mínimos que constituem o corpo humano. As deformidades (seja por falta ou por excesso) mostram a confusão que se instala nas crianças e em seu grafismo.


Aguardem a volta deste assunto, com outras interferências.